Coluna cemitério de trens
Abandono sobre trilhos
Cemitério de trens em Japeri escancara o descaso da SuperVia em 2025
03/05/2025 00h06 Atualizada há 2 dias
Por: Redação da Folha

A paisagem no fim da linha em Japeri, na Região Metropolitana do Rio, virou símbolo do descaso com o transporte público ferroviário. O que antes era um pátio de manobras e manutenção, hoje abriga um verdadeiro cemitério de trens — composições das séries 500, 700 e 900, que, apesar de ainda terem potencial operacional, foram vandalizadas e abandonadas sob a responsabilidade da concessionária SuperVia.

O que se vê ali é o retrato de uma gestão que perdeu o controle da conservação de seu próprio patrimônio. Os trens, que por muitos anos serviram a população da Baixada Fluminense, agora estão cobertos de ferrugem, com janelas quebradas, pichações e equipamentos furtados. Parte dessas composições ainda poderia estar circulando e atendendo aos milhares de passageiros que enfrentam diariamente trens lotados e horários irregulares.

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Segundo especialistas em mobilidade, os trens das séries mencionadas ainda possuem estrutura e sistemas que, com manutenção adequada, poderiam seguir em operação. No entanto, a falta de investimentos, a insegurança nas linhas e a omissão com a preservação dos veículos resultaram em um desperdício milionário.

Em 2025, ano em que tanto se discute sobre mobilidade sustentável e qualidade no transporte público, é inaceitável que trens com capacidade de servir à população sejam descartados dessa forma. Pior ainda: sem qualquer plano de reutilização, reforma ou reaproveitamento das peças. Trata-se de um patrimônio público que, mesmo sob concessão privada, pertence à sociedade.

Moradores e usuários da estação final de Japeri convivem diariamente com a visão melancólica dessas carcaças. Para muitos, a cena simboliza o abandono não só do transporte, mas da própria população da Baixada Fluminense.

Enquanto isso, a SuperVia — que enfrenta problemas financeiros e já foi alvo de intervenção do Governo do Estado — segue sem apresentar respostas efetivas para o sucateamento da frota. A pergunta que fica é: quantos trens ainda precisarão virar sucata para que haja responsabilidade e planejamento real no transporte ferroviário do Rio de Janeiro?