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Baixada Fluminense enfrenta retrocesso no desenvolvimento, aponta Firjan
Itaguaí é o único município da região a alcançar desenvolvimento moderado em 2023; Belford Roxo apresenta o pior índice socioeconômico do estado do Rio de Janeiro.
08/05/2025 11h15 Atualizada há 9 horas
Por: Redação da Folha

O mais recente levantamento do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), com base em dados de 2023, acendeu um alerta sobre a realidade socioeconômica da Baixada Fluminense. Entre os 13 municípios que compõem a região, apenas Itaguaí alcançou nível moderado de desenvolvimento, com índice geral de 0,6705, ocupando a 25ª posição no ranking estadual. Todos os demais municípios foram classificados com desenvolvimento baixo ou crítico, evidenciando os grandes desafios estruturais que ainda marcam essa área da Região Metropolitana do Rio.

O estudo, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), analisa indicadores de Emprego & Renda, Saúde e Educação, variando de 0 a 1 ponto — quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho. O relatório reforça a desigualdade regional: Belford Roxo foi o único município de todo o estado a atingir nível crítico de desenvolvimento, com índice de 0,3868, resultado de quedas expressivas nas áreas de saúde e emprego.

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Outro dado preocupante é o desempenho de Duque de Caxias, um dos maiores e mais ricos municípios da Baixada, que perdeu 37 posições no ranking estadual, saindo do 38º lugar em 2013 para o 75º em 2023. A cidade teve queda de 12,1% em Emprego & Renda, sinalizando fragilidade na geração de oportunidades e na distribuição de renda. A saúde também teve avanço tímido, crescendo apenas 3,2% em uma década.

Enquanto Itaguaí obteve bons resultados em Emprego & Renda (0,7639) e Saúde (0,7170), seu desempenho na Educação (0,5306) ainda permanece abaixo do ideal, revelando a complexidade de garantir avanços equilibrados entre os três pilares do desenvolvimento.

A situação da Baixada Fluminense, segundo a Firjan, reflete o abismo socioeconômico ainda presente no Brasil. Para o presidente da entidade, Luiz Césio Caetano, “é inadmissível que parte da população brasileira ainda viva como se estivesse no século passado, com falta de médicos, baixa diversificação econômica e grave desigualdade no acesso à educação”.

Além de apontar deficiências, o estudo da Firjan também busca estimular políticas públicas eficazes. “Estamos oferecendo um quadro representativo para que os gestores formulem estratégias mais equitativas e sustentáveis para os próximos anos”, destaca o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart.

O cenário da Baixada Fluminense revela a urgência de investimentos e reformas estruturantes. Com mais de três milhões de habitantes distribuídos entre cidades como Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita, Queimados, Magé, Paracambi, Seropédica e Japeri, a região ainda enfrenta o desafio de superar décadas de abandono e exclusão das políticas de desenvolvimento.

Apesar de avanços pontuais em nível nacional — o Brasil como um todo alcançou índice médio de 0,6067, considerado moderado — a desigualdade interna entre regiões e municípios como os da Baixada continua a exigir atenção prioritária. Se o objetivo é alcançar um desenvolvimento realmente inclusivo, é fundamental que as políticas públicas não deixem a Baixada para trás.