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Oficina de bate-bolas forma adolescentes no bairro Cabral com desfile inspirado no Rei Leão
Projeto da Lei Aldir Blanc ensina jovens de Nilópolis a confeccionar fantasias e resgata tradições do carnaval da Baixada Fluminense
11/05/2025 16h41 Atualizada há 4 dias
Por: Redação da Folha
Foto: Felipe Soares / Gustavin da Atitude

Após dois meses de aulas aos sábados, adolescentes de 12 a 16 anos do bairro Cabral, em Nilópolis, vão se formar neste sábado, 17 de maio, na oficina “Bate-Boleiros de Atitude”. A cerimônia de conclusão acontece às 18h, no mesmo galpão onde o grupo estudou e confeccionou suas próprias fantasias. Em seguida, os formandos sairão em um desfile de bate-bolas com fantasias inspiradas no clássico da Disney O Rei Leão, em um verdadeiro Carnaval fora de época.

A oficina foi criada pelo grupo de bate-bolas Atitude e realizada com recursos da Lei Aldir Blanc, do Ministério da Cultura, com apoio da Prefeitura de Nilópolis. O projeto não apenas ofereceu aulas práticas e teóricas sobre estamparia e montagem de fantasias, como também teve foco na valorização da cultura popular da periferia da Baixada Fluminense.

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Durante as aulas, os jovens aprenderam desde o desenho do tema até a aplicação do tecido microfibra, usando técnicas com cola permanente e chapatex, conforme explicou o professor Fábio Alves. “Eles já tinham passado por várias etapas. Agora estão aprendendo a estampar diretamente no pano. O desenho já foi feito e agora é finalização”, disse.

Entre os participantes, a emoção e o orgulho são visíveis. A jovem Geovanna Velasque, de 13 anos, é uma das duas meninas do grupo. Sobrinha de Marcel Velasque, fundador do grupo Atitude, ela tem uma ligação antiga com o universo dos bate-bolas. “É emocionante sair de bate-bola, uma sensação boa. Eu já cheguei a chorar”, disse ela, que sonha em ser designer.

Outro participante, Bryan Lucas Sobral, de 16 anos, já tem uma década de experiência como bate-bola e segue os passos do pai. “Desfilo há 10 anos. Meu pai sai também. É uma paixão de família”, contou.

Para participar, era necessário estar matriculado em escola pública ou particular e manter o rendimento escolar. As 20 vagas foram distribuídas com critérios de inclusão: 60% para ampla concorrência, 20% para negros, indígenas e quilombolas, 10% para pessoas com TEA ou TDAH, e 10% para adolescentes em situação de pobreza.

A iniciativa nasceu da necessidade dos próprios integrantes do grupo Atitude, fundado em 2010, que perceberam o alto custo para a produção das fantasias. A partir disso, passaram a confeccionar suas próprias peças, aprimoraram técnicas e hoje fornecem roupas para outros grupos da Baixada e do Rio.

A cerimônia marca não apenas a conclusão de um curso, mas o fortalecimento de uma tradição local. Confira os formandos da turma 2025:

O bairro Cabral celebra, assim, o futuro de uma tradição passada de geração em geração — agora fortalecida pelo conhecimento e pela criatividade da juventude.