“Eu vivi em um abrigo e conheço essa realidade. É totalmente diferente de crescer em um lar de verdade.” A fala é de Heloísa Andrade, de 26 anos, moradora do bairro Ipiranga, em Nova Iguaçu, que hoje transforma sua história pessoal em acolhimento para outras crianças. Ela e o marido, Paulo César Alves, integram o Serviço Família Acolhedora (SFA), da Secretaria Municipal de Assistência Social.
Criado em 2018, o serviço é uma alternativa ao acolhimento institucional. Meninas e meninos afastados judicialmente de seus lares podem ser acolhidos temporariamente por famílias, vivendo em um ambiente familiar enquanto aguardam decisão da Justiça.
Heloísa sabe bem o que isso significa. Ela passou duas vezes por instituições de acolhimento — a primeira com poucos meses de vida e a segunda, aos 8 anos, quando a mãe, sem ter com quem deixar os filhos, recorreu a um abrigo para poder manter o emprego.
“Morreríamos de fome se minha mãe tivesse que sair do trabalho”, lembra.
Ao conhecer o serviço pelas redes sociais da Prefeitura, Heloísa decidiu participar.
“Falei com meu marido e concordamos que poderíamos proporcionar a uma criança o que eu não tive: um lar com afeto”, contou ela, que é professora da rede municipal.
Paulo César, operador e também de 26 anos, compartilha da motivação. Ele perdeu a mãe ainda pequeno e foi criado pela irmã.
“Sabemos que não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar a vida de uma criança”, afirma.
Hoje, o casal vive o primeiro acolhimento: há três meses, cuidam de um menino de 4 anos.
Desenhos, pinturas e brincadeiras fazem parte da nova rotina. “A recompensa é emocional. A cada sorriso, a gente sente que está fazendo a coisa certa”, diz Paulo.
Atualmente, 48 crianças estão em abrigos na cidade e apenas 8 vivem em lares acolhedores. O município busca ampliar o número de famílias cadastradas.
Para participar, é necessário:
Residir há pelo menos dois anos em Nova Iguaçu
Ter moradia adequada
Aceitação de todos os membros da família
Entender que não se trata de adoção, mas de acolhimento temporário
As famílias passam por exames psicossociais e capacitação.
“A criança ganha o direito de viver em um ambiente familiar, com atenção individualizada e rotina saudável”, explica a coordenadora Viviane Cordeiro Marques.
Interessados podem procurar a sede do serviço na Rua Dr. Luiz Guimarães, nº 956, Centro, ou entrar em contato pelo WhatsApp (21 99575-1913) ou e-mail (familiaacolhedora.ni@gmail.com).
Um lar com amor pode transformar vidas.